Thursday, May 16, 2019

Voltando para os transistorizados

Post 65 - amplificadores de potência pra guitarra - parte 3

  Não sou muito chegado em simuladores digitais (raramente uso) mas simulei o circuito deste amplificador da heathkit no Multisim substituindo os transistores por transistores aproximados e facilmente encontrados. O resultado é bastante surpreendente para a simplicidade do circuito.


  Injetanto uma onda senoidal de 775mV (referencial para 0db), 1000Hz e com Rteste de 18K obtive 6,3V AC na saida com a onda senoidal perfeita. Logicamente o circuito foi projetado de uma forma trancada, quero dizer para não precisar de ajustes de corrente ao ser fabricado para facilidade de fabricação em serie.

  Mexendo nos valores dos componentes o valor de R35 melhorou a forma de onda na saida tendo seu valor em 120Ω ao invés do original 91Ω. Este parece ter sido um valor crítico no projeto pois é o único marcado com 5% de margem de erro (naquele tempo não existiam resistores de 1%) e deve ser o de ajuste de corrente de repouso.

  Tendo 6,3Vac na saida a potência seria de (6,3)²/4Ω = 9,9W (menor que a chutada no post anterior) usando uma resistência de 4Ω na saida como se fosse o alto falante. Colocando um indutor em paralelo e chutando um valor de 4mH a potência aumenta um pouco (indutância de alto falantes geralmente estão entre 2 a 20mH), aumentando o valor do indutor (o que significaria alto falantes maiores) a potência aumenta praticamente sem clipar o sinal. Não sei até que ponto isso seria válido com a coisa real.

  Aumentando o valor de R41 para 2k2 (ao invés de 1K) a tensão de saida aumenta para 8,1V dando uma potência de 16W com um soft clip no topo da onda e aceitavel como clean para guitarras.

  Injetando 210mV em R27 (4k7) que é o valor original da resistência no circuito para o canal normal se obtem a senoidal perfeita com 6,5V na saida e 10,5W, ou seja este é o valor de sensibilidade de entrada. Ao injetar em R25 (2K2) do canal reverb se obtem 9,4V na saida sendo a potência de 22W com clipagem na onda em cima e em baixo e alguma distorção de cruzamento (crossover) que sendo pouca as guitarras não ligam pra isso.

  O consumo normal medido no simulador foi de 800mA com a senoide e de cerca de 1A com ela clipada dando os 22W de potência.

  Um dia eu ainda construo este ampli de verdade pois parece ser um amplificador muito bem projetado para a época e de boa sonoridade para guitarras (e muito barato).


Saturday, April 27, 2019

Voltando para os transistorizados

Post 64 - amplificadores de potência pra guitarra - parte 2

  Este é um exemplo da configuração descrita na parte 1. O esquema é de um amplificador Heathkit de 1966 (TA-16). A unidade de potência propriamente dita é formada pelos transistores Q8, Q9 e Q10.

  Se observarmos Q6 e Q7 na realidade eles formam um pre-amplificador universal como o descrito no post 5 (de junho de 2016), este pré recebe o sinal dos pré amplificadores de cada canal (este amplificador tinhas dois canais de pre com dois transistores cada), ou seja, na realidade formam uma cascata de 4 transistores de pré amplificação em cada canal.

  O conjunto Q8, Q9 e Q10 em tese numa primeira vista o ganho seria o valor de R34 da realimentação + R35 dividido por R35 ( 2291/91 = 25 vezes ), mas nessa topologia não é muito válido pois além dessa realimentação e da realimentação local do pré universal tem-se uma realimentação global da saida na entrada formada por R41, R42 e R28. Esta é a realimentação principal onde se pode ditar o ganho variando preferivelmente R41 (maior valor = menos realimentação = maior ganho). Por isso é dificil ter uma fórmula simplificada que determine exatamente um valor especifico de forma facil. Com um circuito simplificado como este não chegará nem na metade de 25.

  Desconsiderando C21, R37 e R36 em serie são calculados de forma a dividir a tensão da fonte (38V) mais ou menos ao meio (tem 18,8V na base de Q10). Por ser um amplificador de fonte simples é necessário ter o capacitor C22 de saida para barrar a tensão DC (de 18V) e deixar passar só a tensão AC (que é a tensão do sinal amplificado).

  Como a impedância é muito baixa (impedância do alto falante) o valor do capacitor tem que ser enorme para ser possivel passar os graves. 2500uF para guitarra, se fosse um som hi-fi tinha que ser uns 4000uF.

  O circuito assim sem ter o C21 já amplifica mas a inclusão de C21 tem uma função importante que vou tentar explicar abaixo.

  Funcionamento do bootstrap

  Dos emissores dos transistores de saida parte do sinal AC sempre retorna pelo capacitor C21 para as bases dos mesmos.

  A tensão DC no polo negativo do capacitor C21 tem 18,3V, o polo positivo tem em torno de 29V porque entre os resistores R36 e R37 tem a metade dos 18,8V menos a tensão total da fonte. Desse modo o capacitor está sempre carregado com algo perto de uns 9V sempre quando Q9 estiver em condução (o polo negativo de C21 estará aterrado).

  Quando a tensão do sinal AC tem a fase negativa o referencial no polo negativo que antes era 18,3V será menor porque se estará diminuindo os 18,3V de um valor que é o da fase negativa seja ela qual for (depende do volume de sinal aplicado, ou seja do valor máximo do swing da onda do sinal). Nesse momento o capacitor ficará então carregado com uma tensão maior que os 9V (o polo negativo ficou mais negativo ainda).

  Quando a fase da onda se inverter o efeito será o contrário, a tensão no polo negativo irá aumentar para mais que os 18,3V (18,3 é a referência do polo negativo como se fosse zero ou o terra), isso vai empurrar a tensão maior que o capacitor armazenou no momento da fase anterior para cima, ou seja, a tensão vai ter que sair pelo polo positivo do capacitor.

  Isso fará aumentar o sinal de entrada pois se estará adicionando ao sinal maior tensão de realimentação pois se aumentou a carga do capacitor.

  Boot a tradução é bota e Strap é alça, então é como se enfiar o pé dentro da bota e puxar com a alça para retira-lo, essa foi a ideia da palavra para o funcionamento.
  
  Cálculo estimativo da potência

  Como o ganho de amplificação não é muito, com rendimento máximo o swing AC máximo do sinal da guitarra amplificado ainda será muito baixo pela falta de transistores excitadores drives para os transistores de saida em relação a tensão DC, ou seja, precisa de Vdc alto para se obter um Vac de saida baixo. Pode-se chutar por altos um swing de umas 5 vezes menor que a tensão de alimentação Vdc (isso considerando uma entrada de sinal senoidal e saindo limpo).

  Assim: em 4 ôhms  38Vdc / 5 = 7,6Vac

  P = ( 7,6Vac )² / 4 Ω = 14,4W

  em 8 ôhms  

  P =  ( 7,6Vac )² / 8 Ω = 7,2W

  Dois detalhes fazem esta simples antiga potência ser um pouco melhor (para guitarras) do que as potências atuais com circuito integrados.

  1 - o pre amplificador universal na entrada quando o sinal é saturado gera mais distorção de segunda harmônica do que atuais potências com amplificadores diferenciais (ainda será visto) o que é desejavel para guitarras.
  2 - Os transistores de germânio usados no circuito inclusive os de saida (hoje caríssimos se achar para comprar) soam melhor para guitarras (lembram do fuzzface?).

continua. . .


Tuesday, April 23, 2019

Voltando para os transistorizados

Post 63 - amplificadores de potência pra guitarra - parte 1

  Os amplificadores de potência transistorizados para guitarras não tem nada de diferente, são as mesmas configurações sendo Push Pull em classe AB ou B (um meio termo entre isso dependendo dos ajustes). A qualidade para o transistorizado não precisa ser tal qual os para alta fidelidade sendo então o circuito mais simplificado sem muitas correções para diminuir as distorções causadas pelos transistores.

  Logicamente sendo uma configuração simples o som não sai nada agradavel como uma potência valvulada. Então é necessário algumas correções de equalização principalmente no pré pra tentar melhorar a sonoridade, contudo eu tenho visto alguns esquemas novos que alguns fabricantes tem tentado melhorar direto na potência algo que pretendo também tentar a medida que tiver tempo.

  Válvula X Transistor

  Isso já é muito falado mas apenas lembrando 3 diferenças mais principais. Uma boa potência tipo para hi-fi seja transistorizada ou a válvula não deve colorir o som com hamônicos extras e ter a distorção (seja lá qual for o tipo) bem baixa.

1 - O valvulado geralmente colore o som amplificando sempre com um pouco mais de ganho as segundas harmônicas exemplo, uma nota La de 440Hz a frequência de 880Hz contida nessa nota vai ser mais amplificada num valvulado do que num transistorizado.

  Já no transistorizado a harmônica mais amplificada é a terceira. A segunda soa bem para guitarras, a terceira não, quando a potência for saturada com muito ganho no sinal de entrada. Essa é a principal diferença.

2 - A válvula atrasa o som (como se fosse um delay), o atraso é mínimo mínimo mas atrasa, os eletrons viajam no vácuo entre a grade e a placa, no transistor é como se a grade e a placa estivessem coladas uma na outra (a junção de materias diferentes é colada uma na outra).

3 - A válvula dá mais linearidade na sua amplificação, o transistor é mais logarítmo. Isso pode ser notado ao se tocar uma nota na guitarra, o primeiro ataque da nota sai sempre mais forte num transistorizado e a sustentação morre mais depressa, já no valvulado a coisa é mais linear.

  Eu nunca fui de estudar muito a fundo as potências transistorizadas e do que eu estudei já até esqueci muita coisa pois faz muito tempo atraz, sempre escolhia uma potência e montava e sempre preocupando em fazer todas as melhorias no pré. Desse modo vou apenas expor de maneira bem simples o que eu aprendi com o tempo (comprando livros) e até hoje estou aprendendo por ai (com a internet), a medida do possivel vou colocando esquemas e ir observando as diferenças.

  Hoje se faz muito uso dos circuitos integrados de potência (a maioria dos fabricantes de amplificadores) mas alguns soam simplesmente horriveis nas guitarras tendo que ter muita correção no pre. Aqui vou concentrar nos circuitos com componentes discretos.

  Entendendodo a topologia

  Mesmo sendo uma coisa análoga a uma potência válulada é bem mais complicado de entender (pelo menos eu acho).

  Push pull no transistorizado

  O par casado de transistores um NPN e um PNP são os transistores de potência.
  A fase positiva do sinal vindo do VAS (estagio amplificador de voltagem) faz o transistor NPN conduzir carregando o capacitor de saida, o sinal AC passa por ele indo ao alto falante, a tensão DC é empurrada para no capacitor mas para nele, A DC não passa.

  Quando a fase for negativa quem conduz é o transistor PNP, o sinal AC passa pelo capacitor e o transistor puxa a energia DC contida no capacitor para entrar em estado de condução pois o transistor NPN nesse momento está cortado não deixando passar tensão positiva diretamente da fonte para alimentar o PNP (este se alimenta da carga do capacitor). 
 Assim se tem o funcionamento Push-Pull (empurra e puxa) em classe B (em classe AB os transistores de potência são polarizados de forma a não se desligarem totalmente como na classe B).


  Transistor VAS e realimentação

  É mais ou menos parecido com a configuração valvulada “concertina” que expliquei no post 36 onde se separa as fases invertidas do sinal, porém aqui o transistor amplifica e muito a tensão.

  Configurado dessa maneira simplificada o transistor VAS pode também ser chamado de driver excitador do par de potência. Ele sofre e se aquece facilmente a qualquer variação de corrente pois não há transistores drives dedicados para excitar os transistores de potência.

  Realimentação negativa

  Igualmente a um valvulado, do sinal amplificado que vai para o alto falante se retira uma porção que volta como realimentação negativa para reduzir as distorções (é chamada negativa simplesmente porque teve a fase invertida no transistor Vas), esta realimentação entra de volta no transistor VAS mas geralmente funciona melhor entrando em algum transistor anterior (buffer ou amplificador) fechando um loop de realimentação. Num valvulado essa realimentação pode até não existir (loop aberto), mas com transistor é obrigatório e com um nivel maior, o sinal realimentando invertido bate contra o sinal que entra no Vas (sem inverção) reduzindo também o ganho.

  Resistores de balast

  O dois resistores de emissores na saida dos transistores de potência são chamados de resistores de “balast”, a tradução mais aproximada seria resistores de amortização ou de amortecimento. Muitos eletrônicos não sabem bem a função deles e a “escola não ensina” ou ensina só uma parte, aqui vai:

  Uma das funções é ajudar a dissipar o aquecimento dos transistores de saida, ou seja, estabilidade térmica sendo cada um uma carga para a saida de cada transistor antes do alto falante (assim um transistor não é carga direta do outro). Os valores usados geralmente são 0,33Ω (0R33) ou 0,47Ω (0R47) ou 1Ω, nunca outros valores.
 
  Se a potência de dissipação máxima dos transistores escolhidos para a função estiverem com pouca folga em relação a potência máxima que irão suportar os valores dos balasts é melhor que sejam de 1Ω, entretanto este valor maior está em serie com o alto falante fazendo perder potência principalmente nas baixas frequências (pra guitarra não é muito problema).

  Uma outra função é ajudar a dividir melhor a corrente entre os transistores pois cada transistor tem diferentes resistências internas e também diferentes ganhos HFE por mais bem casados que sejam (os PNP têm sempre um ganho beta maior). Em amplificadores que possuem mais transitores em paralelo pra maior potência é imprensendivel o uso dos balasts.

  Os circuitos empregados em amplificadores transistorizados são bem mais complicados, há muita variação de circuitos, os transistores são complicados para funcionarem perfeitamente e necessitam muitos artificios de circuitos extras para fazer correções. Para isso seria necessário varios exemplos e explicações de um por um. Felismente existe no youtube alguns bons samaritanos brasileiros que conhecem bastante com muitos videos explicativos, no entanto os ensinamentos são para amplificadores de audio em geral e não especializados em amplifcadores específicos para guitarras.

continua. . .


Sunday, February 24, 2019

Bias num valvulado

Post 62 - Descobrindo as condições de uma válvula

  Ajuste de bias

  Isto já é mais que explicado na internet mas não custa explicar como faço pois é desse modo que consigo diferenciar qual válvula está melhor por comparação entre varias válvulas de mesma marca.

  Em um amplificador de bias fixo (o quem tem um timpot pra ajustar a tensão negativa) primeiramente sem válvulas nos soquetes ajusta-se o trimpot para tensão mais negativa que o trimpot permitir.

  Coloca-se então as válvulas (como o amplifidador desligado é claro) liga-se e mede-se a tensão obtida em cima dos resistores de 1Ω conectados nos catodos. Como o resistor é de 1Ω a tensão mostrada será o mesmo valor da corrente. Se valores forem iguais nos catodos de cada uma será uma grande sorte pois elas estarão quase perfeitamente casadas (quase porque depende da igualdade dos dois enrolamentos do primário de um trafo push-pull).

  Dai então é só ajustar o trimpot até obter a corrente desejada para o circuito.

  Em amplificadores que os catodos estão conectados direto no terra é preciso colocar dois resistores ali e podem ficar lá (na realidade estes resistores não são necessários no circuito, é só para medir).

  Depois de ajustado a corrente mede-se a tensão negativa que ficou valendo no trimpot (entre o cursor e o terra).

  Comparando válvulas sem testadores

  Aqui será usado como exemplo a válvula EL84 (6BQ5) ou a 6N14P que é a versão russa (usei estas que são mais baratas e tenho muitas). O ideal é ter pelo menos uma novinha para comparar mas se só tiver usadas dá pra saber quais estão melhores.

  O teste foi feito no amplificador da montagem anterior e usei um trafo de saida com carretel dividido ao meio, isso dá mais precisão nas medidas pois o primário fica com medida de resistências iguais nos enrolamentos. No entanto o trafo que expliquei no post 57 o enrolamento é simples um sobre o outro e dá uma pequena diferença mas não afeta muito a comparação.

  Supondo que num par de válvulas foram medidos os valores de 36mA em uma válvula e 28mA na outra sendo que a tensão no cursor do trimpot ficou em -11V com um +B de 300V. Logicamente se ajustar mais negativa a tensão no trimpot os valores de correntes cairão, e menos negativo (bias mais quente) as correntes aumentarão por igual.

  A medida que ajusta-se o bias mais quente (digamos -8V ou menor) mais se estressam as válvulas até um ponto em que a corrente dispara em uma delas (ou nas duas) e esta começa a envermelhar a placa (seja a válvula nova ou usada). Nunca aconselho uma tensão menor que -8V numa EL84.

  Entre as duas comparadas a válvula que se mediu 36mA (com os -11V) está teoricamente em melhor condição pois a que mediu 28mA precisaria que se esquentasse mais o bias para ela atingir os 36mA.

  Assim, em cada par de válvulas para uma determidada tensão negativa para todas (digamos -10V), sempre a que se ler uma medida de corrente mais alta estará em melhor condição de vida na sua placa (no anodo). Para se casar cada par é só ir retirando e trocando uma de cada lado até achar as que combinam em medidas aproximadas. Da bastante trabalho e bastante liga e desliga amplificador mas o casamento feito desse jeito fica mais perfeito do que em testadores de válvulas.

  Os parâmetros dos testadores de válvulas são o percentual de desgaste e o valor de transcondutância que deve ser próximos entre um par casado, mas na maioria dos casos as tensões de referência nos testadores não são as mesmas do amplificador real onde está sendo usadas as válvulas.

  Acontece por exemplo de um testador indicar válvula boa e quando põe no amplificador esta válvula começa a envermelhar placa pois a condição de trabalho a que está sendo submetida não é a mesma.

  No exemplo dado (28 e 36) não estariam casadas mas funcionariam perfeitamente bem sem diferença sonora num amplificador de guitarra. Até uns 3 ou 4 miliamperes de diferença (por exemplo 32 e 36) poderia se considerar casadas. Para se notar alguma distorção no som a diferença deveria ser muito maior (tipo 21mA e 36mA) em válvulas de mesma marca.

  Depois de mais ou menos casados os pares, deve-se deixar cada par ligado por um tempo pois algumas válvulas costumam estar boas nos primeiros 15 minutos, depois uma delas pode começar a subir a corrente nela aos pouquinhos lentamente e depois de um certo valor alto (acima dos 55mA numa EL84 por exemplo) ela começa a disparar e subir mais rápido a corrente nela (e chupando a corrente da outra que está boa) até envermelhar a placa. Significa que ela não aguenta tensão de placa a que está submetida (pode ser que num amplificador que utilize um +B menor ela ainda aguente por um tempo mas já está no seu fim de vida). Por isso os testadores de válvula enganam muitas vezes.

  “Teoricamente” (entre parêntesis porque já viu né, a realidade é tão outra que nem teoricamente vale) a potência aproximada obtida no exemplo seria:

  P = V x I assim P = 300V x (0,028 + 0,036) = 19,2W considerando 70% da potência (usual no cálculo de um amplificador valvulado).

  19,2 x 0,70 = 13,44W  em duas válvulas juntas e sem contar a perda no trafo.

  Uma EL84 dissipa 12W assim com 300V a corrente em cada válvula jamais poderia ser superior a 40mA pois:

  40 + 40 = 80mA = 0,080A e 300V x 0,080 = 24W (12W em cada uma), se colocar mais amperagem na regulagem elas aquentam mas a placa vai pro saco cedo.

  No caso do exemplo dado a válvula que está com 0,028A a tendência é sofrer um desgaste um pouquinho mais rápido com o tempo (mas a diferença é mínima, pode ser que outra até queime primeiro).

Obs: Pode-se estimar o cálculo da potência de uma outra maneira se for conhecida a impedância do primário do trafo de saida, isto ainda será outro assunto que provavelmente farei comparando com o cálculo da potência de um transistorizado. Logicamente se tiver um osciloscopio, injetor de sinal, múltimetro e o amplificador já pronto podendo ser ligado, ai então com essa parafernalia toda dá medir tudo e ter um cálculo mais preciso.


Saturday, January 19, 2019

Um valvulado mais simples

Post 61 - Guibson Falcon - Finalizando por hora

  Os posts sobre esta minha versão do Guibson Falcon já estão ficando extensos demais. Até aqui foi feito o amplificador completo numa versão experimental de montagem, eu chamei de simples (talvez para muitos não seja tão simples assim). Ainda pretendo redesenhar a placa do circuito impresso juntando o pré e a unidade de potência numa placa só.

  O problema no entanto a partir desse ano será ter tempo pois agora estou trabalhando em em tempo integral (e não só meio horário como antes), dessa forma terei que interromper a sequência dessa montagem. A ideia era faze-lo completo incluindo a construção do combo com o alto falante e todos os detalhes mas será impossivel por hora.

  Na minha cabeça imagino e tenho ideias de varios circuitos e modificações não só de amplificadores para guitarras mas também para contrabaixo e teclados, além de pedais de efeitos (apesar que estes já não me entusiasmam como no passado), mas infelismente eu teria que não trabalhar e ficar só por conta de eletrônica que faço por hobby.

  Fora da música as vezes me vem a cabeça algumas ideias de outros circuitos mas nem me preocupo de esboçar algum desenho pois sei que ou é uma coisa ou outra, não dá tempo pra tudo.

  De agora em diante espero ter tempo para postar algo útil pelo menos uma vez por mês.

Friday, December 28, 2018

Um valvulado mais simples

Post 60 - Guibson Falcon - seletor 127/220V - funciona mas. . .

  A ideia inicial era tentar um circuito simples sem transformador extra para um seletor automático. Como eu citei no post 39 o desenho do circuito não é meu, apenas adaptei algumas mudanças, é o tipo do circuito que estou prestes a abandonar pois é problemático.

  Fazendo uma melhor análise tive que fazer outras mudanças para tentar melhorar o circuito (além de já ter trocado o fototransistor por LDR/Led).

1 - Inclusão de um resistor de uns 100Ω por 5W após o capacitor C1, a razão é que não há um amortecimento ali, o pic de tensão inicial vai direto em cima do zenner que é quem realmente faz a queda da tensão, por ser uma queda enorme o diodo esquenta pra kacete sendo sugerido pelo autor do circuto ser de 5W (e mesmo assim não aguenta). Esse é um ponto fraco no circuito que estava dando a maior dor de cabeça.

    Talvez uma alternativa fosse adicionar um transitor barato de potência bem maior que 5W para dissipar o calor do zenner (um Tip31 por exemplo com um resistor de uns 2K2 polarizando), assim poderia usar um zenner de 1 ou 2 watts. Não testei mas acho que funcionaria. 

2 - Aumento do valor de R3 para pelo menos umas 30 vezes maior que R40 (mudei para 47K), porém isso faz o atrazo de acionamento do relé aumentar mas ai se diminui o valor de C3 (22uF) para um valor de tempo desejado (pode ser uns 4,7uF), um pequeno atrazo é até bom para o aquecimento devagar das válvulas (que o tipo de carga nesse caso).

  No entanto mesmo assim o circuito não é muito confiavel, o ideal era ter um pequeno transformador (que é o que se queria evitar) no lugar de queda de tensão por reatância capacitiva.

  Outro problema é o tipo de carga na saida do relé que é um transformador com a fonte de para o circuito valvulado, no circuito original havia um circuito protetor tipo “Snub” na saida do relé (um capacitor em serie com um resistor como carga) para eliminar possiveis faiscamento no relé, isso funciona até bem se a carga na saida não for um transformador com uma fonte DC no seu secundário.
  O primeiro problema é a formação paralela entre o primário do trafo e o circuito Snuber que faz o trafo esquentar mais. O segundo é o retorno, depois que se desliga haverá um pic de tensão do retorno dos capacitores da fonte de volta no primário dependendo do tipo de fonte (nesse falcon não há resistores de descarga dos capacitores). Penso que o snub não resolve e o pic vai direto no relé. Nada que atrapalhe tanto mas vai deteriorando os contatos do relé.


  Conclusão: acaba por ficar um circuito grande pra montar, não muito confiavel com o tempo de vida útil sendo então mais um circuito para de tempos em tempos ter que ser consertado, ora bolas! se é pra ser consertado, é melhor não ter o circuito e consertar a fonte quando o aparelho for eventualmente ligado na tensão da rede errada. Assim pretendo elimina-lo da montagem final até aparecer coisa melhor. Mas fica ai a ideia.

Sunday, November 4, 2018

Um valvulado mais simples


Post 59 - Guibson Falcon - reverberador simplificado, montagem

A placa está mostrada do lado dos componentes, o traçado está por baixo. 10cm x 4,2cm

  Sequência de montagem

  Como é um circuito chato e a placa é bastante reduzida é melhor fazer nessa ordem:

  1- solda-se os soquetes para os PT2399 pois eles queimam se soldar direto na placa.

  2 - solda-se os resistores que vão em volta dos soquetes principalmente os que estão no meio da placa.

  3 - solda-se os capacitores eletrolíticos enquanto a placa está mais vazia de componentes e dá para colocar um clips para dissipar o calor da soldagem. Se na trilha tiver um resistor ou outro componente com a conexão muito próxima que será soldado depois, então é melhor soldar este outro componente primeiro para não ter que esquentar o mesmo ponto duas vezes ao soldar os capacitores. A mesmo coisa com os capacitores de polister.
  4 - Os capacitores de cerâmica não têm muito problema com calor mas se der para por um clip na soldagem é melhor.

  5 - Por último solda-se os transistores pois ficam mais altos e dá pra pegar com o clip.

  Teste

  Liga-se o circuito sem os chips PT2399 e checa a tensão no pino 1 do soquete se tem 5V (4,9 ou 5,1 sem problema).

  Com a ponta de prova do multímetro no terra e em cima do resistor R35 na junção com o capacitor C33 a tensão deve ficar variando rapidamente entre mais ou menos uns 1,5V a 4V. Os numeros do multímentro digital ficam mudando, se estiver parado em mais ou menos 2V e pouco é sinal que o oscilador LFO não está funcionando e deve-se checar o circuito. Enquanto maior a variação significa que melhor foi o transistor usado no circuito (um beta hfe alto).

  A seguir coloca-se o primeiro PT2399 (o que está conectado com o LFO), terá um eco na saida com repetições rápidas.

  Ao se colocar o segundo PT2399 essas repetições serão repetidas como em pacotes de repetições mais lentas. Ao serem realimentadas pelo ajuste do trimpot (R30) vão variando o tempo de atraso devido a ação forte do oscilador LFO (ajustado por R35 que tem um valor realtivamente baixo). Enquanto mais realimentação se permite mais longo o reverb mas tendo um cuidado porque o excesso fará o circuito apitar.

  Numa outra oportunidade tentarei expor o funcionamento desse chip PT2399, tem um site da EletroSmash que analisa este chip com algumas sugestões de circuitos externos, mas deixa um pouco a desejar em alguns pontos.
   Ali está a plaquinha (no canto direito) sob teste, na protoboard está o mesmo circuito experimental montado.