Saturday, July 21, 2018

Um valvulado mais simples


 Post 49 - Guibson Falcon - Detalhes do trafo de força um pouco melhorado

    Hoje em dia esta muito comum usar software de cálculos de transformadores, mas a maioria destes softwares, quem faz o software entende muito mais de programação de computador do que propriamente de cálculos de trafos.

   Eu já usei alguns só para comparação e na maioria das vezes só bate os cálculos das correntes e fios, o resto tem tanta coisa envolvida no projeto de um transformador que os softwares ficam devendo e as chances de se ter um bom trafo são poucas.

    Um trafo para um amplificador valvulado não é um trafo comum, tem certas regras que devem ser mantidas inclusive no número de espiras, seria muita coisa pra explicar sobre transformadores seja no cálculo ou na construção.

    Como eu disse antes no post 42, este trafo para este amplificador é bastante justo no sentido de economia e tamanho pequeno e ainda assim usando uma indução mais baixa pra evitar aquecimento das lâminas por excesso de vibração. O aquecimento virá dos fios (dependendo do ajuste do bias) principalmente do primário e os fios devem ser para 180 graus Celsius de isolamento.

    A tensão de bias será fixada por um dos lados dos 12V AC que retificada estará em torno de apenas uns -13V devido a queda (não mais que uns 30mA por válvula), mais corrente do que isso o trafo ficará subdimensionado e irá aquecer bastante, ainda assim aguenta até uns -10,5V (0,36mA) mas fica muito quente com lâminas comuns, com lâminas GO não aquece muito não. O circuito com as EL84 pode aguentar um bias quente até uns 40mA (mais que isso passa da potência da potência da válvula e ela envermelha), mas ai precisaria de um trafo mais parrudo com lâminas mais largas (com lâminas de 2,8cm e fios mais grossos).
      Aqui vai as correções com alguns detalhes possiveis

  Núcleo

  Lâmina de perna central de uma polegada (2,54cm)
    O empilhamento (antes de 3,9cm) deve ser aumentado para 4,2 a 4,3cm para laminação GNO de preferência recozida (com GO dá pra ser 3,9). Em torno de 1,3Kg de ferro (a fórmula está no apostilão).

    O grande problema de trafos para a energia elétrica brasileira e ter que ser para 127V e 220V o que geralmente exige mais fio e assim lâminas maiores. Nos Estados Unidos por exemplo a tensão é apenas 120V em todo o território, o trafo do Fender Blues jr por exemplo usa este tamanho de lâmina com um empilhamento bem mais estreito.

  Enrolamento - nesta ordem

    1054 espiras, fio 31AWG, 248V, em 9 camadas com papel (0,05mm) a cada duas (em torno de 66 ôhms).

     51 CT 51 espiras, fio 33 AWG, 12V CT 12V, uma camada com espaço entre as espiras.

    511 espiras, fio 26AWG, 120V, em 9 camadas exatas com espiras juntas e mais uma camada com 30 espiras espaçadas para 127V (fio sobre fio sem papel). A opção dos 120V é porque aqui onde moro é 120V.

    396 espiras, fio 29AWG, 93V (para os 220V), em 4 camadas e meia sem papel

    1 camada incompleta de papel aluminio ou folha de cobre para aterramento isolada dos dois lados.
   14 CT 14 espiras, fio 18AWG em uma camada, ou fio 21AWG duplo em duas camadas, 3,3 CT 3,3V.

    Se voce leitor leu em algum lugar na internet que se deve inverter alguns enrolamentos na hora de enrolar, não acredite, é tudo no mesmo sentido.

    Os enrolamentos devem ser feitos bem apertados e pode-se usar uma cola de bastão nos papeis evitando assim durex ou fita crepe envolvendo os enrolamentos (durex só para emendar os papeis). Não se deve dar banho de verniz na bobina pra não fazer lambança, não precisa a menos que se enrolou tudo frouxo. Peso do bobinado em torno de 270 gramas.

    Logicamente precisa de uma pequena máquina para enrolar (pelo menos uma manivela com um eixo), dá pra enrolar na mão mas é bastante trabalhoso.

    O cálculo foi feito de forma que o carretel (feito de papelão) fica completamente cheio entrando justinho na janela. A base da forma (onde se acentam as espiras) deve ser fina (mais ou menos 0,7mm)

  Montagem

    Colocar as lâminas E e I entrelaçadas logicamente, deixar faltando algumas (para não apertar demais), colocar os parafusos (M4 de 5cm cabeça Philips) provisóriamente sem apertar muito, ligar o trafo por um tempo curto o suficiente para testar e conferir as tensões. 

    Retirar os parafusos, colocar as últimas lâminas EI, pincelar bastante com verniz poliuretano as 4 laterais do empilhamento, não estando apertado o verniz tenderá a escorrer por entre as lâminas e é essa a ideia, apertar o parafusos bem apertado agora já com as patilhas L, de preferência com a ajuda daqueles tornos em formato de C (não sei o nome exato da ferramenta) para ajudar a apertar e deixar secar 24 horas com estes tornos.
   
   O uso do verniz (ou a sua quantidade) não é obrigatório, depende da condição das lâminas na hora de apertar, porém ao ir colocando as lâminas em carater definitivo um pingo de verniz na perna central de cada uma ajuda diminuir a vibração delas no meio do núcleo (onde não há parafusos para apertar)

    Cada enrolador de trafo faz de um jeito diferente, já faço isso a décadas e a minha maneira fica perfeito, como se cálcula (pelo menos 3 maneiras diferentes) e como se constroi (tudo com desenhos) estão no meu apostilão “Trafos, o segredo dos mágicos” que para transformar em blog gastariam uns 200 posts pois é sobre trafos de força, de audio e chokes de filtro (com varios exemplos), tem cálculo lá pra tudo.


No comments:

Post a Comment

Note: Only a member of this blog may post a comment.